SÉRGIO MACHADO - O DENUNCIANTE
Presidente da Transpetro de 2003 a 2014

Afilhado de Renan Calheiros no cargo, Machado gravou voluntariamente diálogos com próceres do PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá. Afirma ter repassado ao PMDB cerca de R$ 100 milhões oriundos de propinas cobradas de fornecedores da Transpetro. Movimentou, no total, quase R$ 200 milhões em dinheiro sujo, boa parte disso no exterior.
MICHEL TEMER
Presidente interino da República

Machado afirma que, em um encontro em 2012 na Base Aérea de Brasília, Temer pediu recursos para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. "O que Michel Temer estava ajustando", diz Machado, "era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita" e que o valor acertado foi de R$ 1,5 milhão. Machado diz ainda que Temer foi acionado pela bancada do PMDB da Câmara dos Deputados quando os parlamentares ficaram sabendo que a JBS doaria apenas para o PMDB do Senado R$ 40 milhões a pedido do PT na campanha de 2014. "Esse fato fez com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do partido", diz o delator.
RENAN CALHEIROS
Presidente do Senado

O que diz a delação: O primeiro repasse de propina para Renan foi em 2004 ou 2005, no valor de R$ 300 mil. A partir de 2008, Calheiros passou a receber cerca de R$ 300 mil por mês durante dez ou 11 meses por ano. Em anos eleitorais, esses valores eram acrescidos do pagamento de propina na forma de doações oficiais obtidas de empresas que tinham contratos com a Transpetro. Os pagamentos foram feitos de 2004 ou 2005 a julho ou agosto de 2014. Durante sua gestão na Transpetro, Machado repassou cerca de R$ 32 milhões a Calheiros – R$ 8,2 milhões por meio de doações oficiais e o restante em dinheiro em espécie.
ROMERO JUCÁ
Senador (PMDB-RR) e presidente em exercício do PMDB

O que diz a delação: Em 2004, Jucá recebeu propina de R$ 300 mil e R$ 400 mil em dinheiro em espécie. Os repasses, naquela época, não tinham periodicidade definida. Tornaram-se anuais em 2008, quando Machado passou a pagar a Jucá cerca de R$ 200 mil por mês durante dez ou 11 meses por ano. Jucá recebeu um total de cerca de R$ 21 milhões, sendo R$ 4,2 milhões em doações oficiais e o restante em dinheiro.
EDISON LOBÃO
Senador (PMDB-MA) e ex-ministro de Minas e Energia dos governos Lula e Dilma

O que diz a delação: Quando assumiu o Ministério de Minas e Energia, em 2008, Lobão se encontrou com Machado em seu gabinete e afirmou que, na qualidade de ministro da Pasta responsável pela Transpetro, sentia-se no direito de receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB. Sua expectativa, disse, era faturar R$ 500 mil por mês. Machado informou que não seria possível e sugeriu uma mensalidade de R$ 300 mil a Lobão. Esses repasses ocorreram até julho ou agosto de 2014. No total, Lobão recebeu cerca de R$ 24 milhões – boa parte em dinheiro em espécie.
HENRIQUE EDUARDO ALVES
Ministro do Turismo (PMDB-RN)

O que diz a delação: Henrique Alves chegou a apresentar algumas empresas de tecnologia e serviços à Transpetro, na tentativa de que fossem contratadas. Sem sucesso. Em época de campanha eleitoral, ligava diversas vezes para Machado pedindo para marcar encontros. Queria receber propina do ex-presidente da Transpetro, disfarçada de doações oficiais. Henrique Alves recebeu R$ 1,5 milhão, a maior parte da Queiroz Galvão, nas campanhas de 2008, 2012 e 2014. A Galvão Engenharia também colaborou em 2010.
VALDIR RAUPP
Senador (PMDB-RO)

O que diz a delação: Raupp, então presidente em exercício do PMDB, procurou Machado em 2012 alegando que Temer precisava de ajuda para arrecadar dinheiro para a campanha de Gabriel Chalita em São Paulo. Depois de se encontrar com o então vice-presidente, Machado garantiu uma doação oficial de R$ 1,5 milhão, feita pela empreiteira Queiroz Galvão ao diretório nacional do PMDB, uma forma disfarçada de propina. Nos mesmos moldes, Machado conseguiu R$ 500 mil para Valdir Raupp, por meio de doação da Lumina Resíduos Industriais. Durante sua gestão na Transpetro, Machado repassou R$ 850 mil a Raupp.
GARIBALDI ALVES
Senador (PMDB-RN)

O que diz a delação: Em época de eleição, Alves procurava Machado para pedir dinheiro. O último encontro ocorreu em 2014, quando Alves era ministro da Previdência e solicitou recursos para a candidatura de seu filho, Walter Alves, a deputado federal. O ex-presidente da Transpetro ajudou o senador por meio de uma doação de R$ 250 mil feita pela construtora Queiroz Galvão. Durante sua gestão na Transpetro, Machado repassou R$ 700 mil a Alves por meio de doações oficiais.
AÉCIO NEVES
Senador (PSDB-MG)

O que diz a delação: Machado diz que Aécio também recebia propina em forma de doações oficiais a suas campanhas. Na conversa com o ex-presidente José Sarney, Machado menciona que a empreiteira Camargo Correa poupou Aécio em sua delação, apesar de o meio político saber do estreito relacionamento do senador com a empresa. Machado diz que tinha relacionamento muito próximo com a estatal Furnas quando era deputado e chegou à presidência da Câmara em 2000 com compra de apoio político.
AÉCIO NEVES
Senador (PSDB-MG)

O que diz a delação: Machado diz que Aécio também recebia propina em forma de doações oficiais a suas campanhas. Na conversa com o ex-presidente José Sarney, Machado menciona que a empreiteira Camargo Corrêa poupou Aécio em sua delação, apesar de o meio político saber do estreito relacionamento do senador com a empresa. Machado diz que Aécio tinha relacionamento muito próximo com a estatal Furnas quando era deputado e chegou à presidência da Câmara em 2000 com compra de apoio político.
FRANCISCO DORNELLES
Governador interino do Rio de Janeiro

O que diz a delação: Machado afirma que sempre teve uma boa relação com Dornelles, desde que ele era presidente do PP. Naquela época, Dornelles foi até a Transpetro para pedir apoio ao partido na eleição de 2010. Uma doação oficial ao diretório estadual do PP-RJ no valor de R$ 250 mil foi feita pela Queiroz Galvão.
JOSÉ AGRIPINO MAIA
Senador (DEM-RN)

O que diz a delação: Durante o período eleitoral, Agripino pedia doações políticas com frequência, sempre por meio dos diretórios nacional ou estadual do DEM. Machado diz que duas doações foram feitas pela Queiroz Galvão: uma em 2010 para o próprio senador Agripino no valor de R$ 300 mil; outra em 2014 para seu filho, o deputado federal Felipe Maia, no valor de R$ 250 mil.